A Sala Imaginária

O começo das vendas do tal ”produto” começaria na próxima semana. O que os heróis fariam? Os seis se reúnem na casa de Marmagdshalam. Lá eles curam suas feridas e lançam olhares enraivecidos uns para os outros. Nenhum deles parava de pensar sobre a criatura anunciada e nas consequências por vir. Quando a noite caiu, decidiram conversar enquanto jantavam e expor suas opiniões. O que fariam a partir dali? Solucionariam o problema? De fato aquilo era um problema? Que fazer? Só eles poderiam dizer no campo mágico destinado aos comentários.

Não era possível ouvir mais nada, o silêncio parecia ter tomado conta de Seiffzoni. Marmagdshalam, no ato, percebeu porquê a caveira tinha se alegrado. Alguns alegaram que aquilo era apenas uma mulher fantasiada, mas, quando começaram a comandar a criatura, os céticos foram sumindo. Aquela coisa cedia à tudo, sabia falar e fazer as vontades de seu amo. Todos estavam perplexos... E curiosos... Todas as dúvidas foram exterminadas quando o orador enfiou um punhal no peito da criatura, ela, após agonizar levemente, virou um pó brilhante que se espalhou na platéia. — Vejam, Seiffzonianos. — disse ele — É magia! Apenas magia, alquimia e genialidade científica! Cada um terá a sua, e fará com ela o que quiser! Hahaha! — Mestre — disse Soren —, pelo amor de Deus... As consequências disso serão devastadoras. Podia se dizer que os heróis esperavam qualquer tipo de inimigo, menos esse.

Lazarentin, Jack, Tim e Hadrian chegam! Tinham feito as pazes ao descobrirem na floresta que tinham o mesmo objetivo ali. Os seis heróis estavam juntos e confusos enquanto viam o vendedor anunciar o novo produto. — Nunca mais um homem irá sofrer pela condição desfavorecida dada por deus. — dizia o homem — O que trazemos é o fim da solidão, o fim da atomização do homem! O fim da injustiça e da tristeza. Com isso jamais precisaremos sofrer! Os dois homens abrem a caixa, as tábuas caem e delas surge um corpo feminino, era uma linda mulher de roupas curtas e com chifres! O vendedor salivava de êxtase, e todos ficaram perplexos ao verem a criatura extremamente sensual aos olhos masculinos. — Eis aqui, Seiffzonianos, o que cada um de vocês terá dentro de suas casas!

Quando o evento começa, um homem velho com um pequeno, redondo e estranho chapeuzinho na cabeça sobe no palanque ao som de aplausos. O povo de fato se reuniu aos montes, pois ali havia muita comida, bebida e música gratuitas. Mas quando o homem começou a falar, todos cessaram de festejar para ouvi-lo. — Povo de Seiffzoni — ele começa —, é um prazer vê-los todos aqui reunidos nesse evento adorável. Creio que todos aqui devem estar ansiosos por nossa revelação! E como se é de esperar, nós, o Grupo da Pedrinha Pretinha, (aglomerado que comprou várias empresas em Seiffzoni) estamos aqui para anunciar um produto novo e revolucionário! Dois homens sobem no palanque trazendo uma grande caixa retangular e a deixam de pé diante do público.

Naquele mesmo dia, Soren e Marmagdshalam ficaram em alerta ao saberem que um grande evento estava sendo preparado na praça central de Seiffzoni. Com o patrocínio da Rainha Nariguda e outras empresas daquele mesmo povo estranho, levantaram um belíssimo palanque no meio da praça. Além disso, o evento generosamente serviria comida e bebida de graça a todos os participantes. Foi feita a promessa de uma revelação, algo como um produto que mudaria e facilitaria para sempre a vida de todos os Seiffzonianos. — Mestre — diz Soren ao mago — eu estarei nesse evento, tu não pode me impedir de viver tais aventuras. Mas o velho parecia em um transe temeroso, como se estivesse com todas as forças, prever o que aconteceria.

Quando Tim parou a música e os efeitos cessaram, Jack agarrou Hadrian novamente. Ele joga o espadachim para longe com uma força descomunal. Hadrian é arremessado em direção à carroça e quebra o veículo com a carga levada em barris. Quando o barris quebraram, uma enorme quantidade de sangue é derramado e se espalha pela estrada! Todos param a luta e ficam perplexos. — Isso não deveria estar lotado de hidromel? — pergunta Tim a si mesmo. — Por que estavam levando essa coisa para Seiffzoni? — diz Lazarentin ainda nú. O sangue continuava escorrendo e o cheiro doce e enjoativo se espalhou por todo lugar. Hadrian se levanta e fica confuso com a expressão de surpresa dos oponentes. — Vocês não sabiam? — diz ele — Afinal, quem são vocês?

E naquela realidade musical, os heróis travam uma estranha batalha.

Hadrian viu a lâmina avassaladora de Jack vir em sua direção enquanto estava pendurado pelo pescoço. Mas, antes do ataque ser concebido, Jack foi atingido pelos destroços do alaúde de Tim! O bardo, ainda com a perna ferida e se rastejando, teve forças para o feito (ainda que inútil). — Não deixarei que leve a vida desse servo de Cristo! — gritou o bardo. — No way, Kurt Co Fucking Bain? — exclama o cavaleiro surpreso. — O que disse? Não importa, vilão! Hei de proteger meu amigo, nem que me custe a vida! Tim saca a flauta que Hadrian tinha lhe dado na emboscada anterior e começa a tocar uma estranha canção que tira o dom comum da fala de todos os presentes e, ao que parecia, até mesmo o narrador se viu incapaz de falar... Ohh Yeah! Parece que todos só podiam cantar, as espadas largar, parar de lutar e apenas celebrar! [...]

Jack pula de seu cavalo com sua espada enorme em mãos e tenta atacar Hadrian que defende o golpe com suas cimitarras, formando um "X"! O golpe foi tão poderoso que suas espadas trincaram, Hadrian sentiu uma dor aguda nos seus calcanhares que quase não suportaram todo aquele peso. “Isso é humano?” pensou cedendo à pressão. Jack puxou sua espada com força, quebrando ao meio as cimitarras de Hadrian e puxando o espadachim junto. Jack aproveita o desequilíbrio do adversário para agarrá-lo pelo pescoço e o levantar com um só braço! Hadrian saca um punhal e tenta fincá-lo no braço do cavaleiro, mas, sem sorte, consegue apenas entortar a lâmina na armadura extremamente resistente do oponente. — It's over for you, homie. Drop a like and subscribe. — diz Jack com a voz abafada pelo capacete.